sexta-feira, 26 de março de 2010

PRANAYAMA E OS CINCO PRANA VAYUS

Pranayama é definido de forma geral, como controle da respiração. A palavra Pranayama é composta de duas raízes: Prana e Ayama. Onde Prana significa energia vital ou força de vida ou ainda, aquilo que se encontra em constante movimento. O Prana está presente no ar, na água, nos alimentos... A natureza está impregnada de Prana, esta energia sutil, impalpável e in visível, mais leve e penetrante que o próprio ar. Então, Pranayama não é um mero exercício respiratório, e sim trabalha utilizando a respiração para influenciar o fluxo de Prana nas Nadis (canais de energia), alterando o padrão normal de respiração, e assim, o estado mental, reduzindo a perturbação mental e minimizando as impurezas do organismo. E, Ayama significa expandir, estender prolongar. Completando a palavra Pranayama que significa extensão e expansão da dimensão do Prana.

As três principais Nadís que se destacam são: Sushumna, Ida (pólo negativo) e Pingala (pólo positivo). Partem da região do cóccix, e terminam no topo da cabeça. Sushumna corresponde ao sistema nervoso central. Está situada no centro do corpo e passa através da coluna vertebral, e que os espaços à esquerda e à direita, estão os Nadis Ida e Pingala. Ida corresponde ao sistema nervoso parassimpático. Conhecido como o canal lunar; localizado no hemisfério esquerdo do corpo, tem natureza feminina, representa a respiração pela narina esquerda. Ida é responsável pela restauração energética do cérebro. Pingala corresponde ao sistema nervoso simpático. Conhecido como canal solar; localizado no hemisfério direito do corpo, tem natureza masculina, representa a respiração pela narina direita. Pingala torna o corpo mais eficiente e dinâmico.

Conforme a ciência do Yoga, o ato de respirar se divide em quatro etapas:

Inspiração ou Inalação (Puraka) é a respiração completa sem esforço, e lentamente. Expiração ou Exalação (Rechaka) é à saída do ar impuro, na maioria das vezes, expelida pelo nariz, uniforme, silenciosamente e suave. Rechaka coloca para fora a energia individual para se unir com a energia cósmica, aquieta e silencia a mente. A retenção ou Kumbhaka desvia o intelecto dos órgãos dos sentidos e da ação, e conduz para o centro da consciência. Cria o silêncio entre o praticante e os planos físico, mental e espiritual. Pode ser de dois tipos: Antara Kumbhaka – retenção do ar nos pulmões; e Bahya Kumbhaka – retenção de pulmões vazios, após a exalação.

B.K.S. Iyengar: "O Citta (mente, razão e ego) é como uma carroça atrelada a uma parelha de fortes cavalos. Um deles é Prana (respiração), o outro é Vasana (desejo). A carroça move-se na direção do animal mais forte. Se a respiração prevalece, os desejos são controlados, os sentidos são limitados e a mente é acalmada. Se o desejo prevalece, a respiração se desorganiza, e a mente fica agitada e perturbada. Portanto, o yogi domina a ciência da respiração e, com sua prática, controla a mente e detém seu constante movimento."

De acordo com a fisiologia do Yoga, a estrutura humana é composta de cinco corpos ou envoltórios que englobam os diferentes aspectos ou dimensões da existência humana. Estes cinco corpos de experiência são conhecidos como: Annamaya Kosha, o corpo material ou feito de alimento; Manomaya Kosha, o corpo mental; Pranamaya Kosha, o corpo de energia; Vijnanamaya Kosha, o corpo psíquico ou de mente elevada; Anandamaya Kosha, o corpo transcendental ou de bem-aventurança. Estas cinco dimensões funcionam juntas e formam um todo integrado, mas somente as práticas de Pranayama é que trabalham com Pranamaya Kosha. Este corpo de energia é composto de cinco Prana Vayus (ventos) principais:

Prana – função de absorção. Elemento fogo e ar. É a força vital centralizada no coração, peito e pulmões. É responsável por trazer a força da vida até o corpo, através da inalação, da comida e da bebida e também pelo funcionamento do coração e dos pulmões. Associado ao movimento ascendente de energia, com a inalação. Um desequilíbrio em Prana Vayu está associado com problemas de coração e pulmões; letargia; estresse; asma. Move a energia para cima. Quando há uma quantidade grande de Prana entre o coração e a base do pescoço, com a mente absorvendo um sentido de positividade, está ligado ao Chakra Anahata.

Apana – função excreção. Elemento terra. É a força vital de ação propulsora, desintegradora, expira o alento, expele os alimentos que não necessita. Localizada na região do ânus, tem polaridade negativa. Sua direção é descendente, e é pesado por natureza. Remove as impurezas do corpo. Relacionado com os intestinos, órgãos sexuais, pernas. Sua função manifesta-se no comando das atividades excretoras, urinárias, matérias fecais e na emissão de sêmen e fluidos menstruais. Governa a eliminação do dióxido de carbono pela expiração. No nível mais sutil, regula a eliminação das sensações negativas e experiências mentais e emocionais negativas. Move a energia para baixo. Com o Apana equilibrado traz um sentido de segurança e habilidade para seguir em frente, está ligado aos Chakras Muladhara e Swadhistana.

Samana – função digestão. Elemento fogo. Como mantém o equilíbrio da digestão e da assimilação de nutrientes, Samana é o local sede de Agni, o fogo digestivo. Mas também possui um aspecto leve e refrescante, referente ao elemento água. Samana está centralizado na área abdominal. Sama significa “mesmo”, ou seja, equilíbrio, que neste caso, Samana equilibra Prana e Apana. Um desequilíbrio em Prana e Apana resulta em diminuição de fornecimento de nutrientes para o corpo e desequilíbrio nos órgãos digestivos, como o fígado, o estômago, o baço e o pâncreas. Movimento lateral inunda o abdômen e centraliza-se no plexo solar. Associado a energia de expansão. Com o Samana forte ocorre a clareza emocional sendo ligado ao Chakra Manipura.

Udana – função deglutição. Elemento ar. É a força vital centralizada na garganta e cabeça. Move-se no sentido horário. Permite o pensamento, a comunicação, o canto e a produção de sons. Está relacionada com o funcionamento dos sentidos, incluindo a audição, a visão e o olfato; também responsável pela deglutição dos alimentos. É visto como porta de entrada para estados mais elevados de consciência. Em desequilíbrio impossibilita a comunicação, dificulta estados mais elevados de consciência durante a meditação. Problemas na área da garganta como hipotireoidismo. Também problemas de visão, audição, paladar ou olfato. Com o Udana forte pode-se projetar e criar a palavra, ligado ao Chakra Vishuddha.

Vyana – função circulação. Elemento éter. Permeia todo o corpo. Associado ao sistema nervoso. Então sua grande função é circular e distribuir o alento. Vyana distribui a energia derivada da alimentação e da respiração para as artérias, veias e nervos, regulando o equilíbrio entre Prana e Apana. É responsável pela ação muscular das extremidades, governa todas as coordenações dos movimentos dos músculos e articulações através do corpo. O movimento é para dentro, em direção ao centro do corpo, na inalação; e para fora, em direção as extremidades, na exalação. Circula para todo o corpo ao longo dos nervos: é a vitalidade do sistema nervoso. Pelo seu sentido de integridade está ligado ao Chakra Sahasrara.

A chave para a saúde é manter o Prana trabalhando em harmonia. Quando o Prana fica desequilibrado, os outros tendem a perder seu equilíbrio também, porque eles estão ligados. Geralmente Prana e Udana equilibram Apana. Similarmente Vyana e Samana coordenam um ao outro em termos de expansão e contração.

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