quinta-feira, 18 de junho de 2015

OM

O mantra Om originou-se da Upanishad, mais especificamente Mandukya Upanishad, que segundo Iyengar (2005), a palavra Upanishad deriva dos prefixos “upa” – perto e “ni” – embaixo, acrescidos à raiz “shad” – sentar. Significa sentar-se junto ao guru para receber a instrução espiritual. Os Upanishads são a parte filosófica dos Vedas, a mais antiga literatura sagrada dos hindus, tratado da natureza do homem e da união da alma individual ou eu, com a Alma Universal.
A Mandukya Upanishad, fala sobre a sílaba “OM” e seus estados de vigília, sonho e sono sem sonho, chegando ao quarto estado Turya que vai além dos três primeiros. E é o que nos leva de encontro com o EU Superior conhecendo a essência do Atman (Si Mesmo, a própria pessoa) transcendente, idêntico ao Absoluto (Brahman) conforme as escolas não dualistas. (Tinoco, 1996).
A Mandukya Upanishad consiste em quatro capítulos, o primeiro fala sobre o significado da sílaba “OM” (AUM), onde se conhece a essência do Atman. No segundo capítulo ocorre a destruição da dualidade, através do conhecimento do Atman. No terceiro capítulo é mostrada através da razão a verdade sobre a não-dualidade. E no quarto e último capítulo que aparecem as contestações de outras escolas que vão contra os Vedas e ao conhecimento não dualístico. (Tinoco, 1996).
Especificamente o OM representa uma vibração primordial, que emana do Universo, abre o ser mais íntimo do homem para as vibrações de uma realidade superior. É a expressão da receptividade e da entrega, comparável á flor que abre o seu cálice á luz e dá as boas vindas. É a representação sonora do Absoluto, é a sílaba que compreende todo o Universo, o passado, o presente e o futuro, indo além do tempo em si mesmo, o começo e o fim de tudo, a essência de tudo.
É descrito o Eu (Atman) através dos quatros estados, formando a sílaba “OM” (AUM).
O estado de vigília (Vaishvanara) é o som “A”. A letra “A” envolve tudo, e tudo o que deseja, e é o primeiro.
O estado de sonho (Taijasa – o Resplandecente) é representado pelo som da letra “U”. A letra “U” compreendendo suas qualidades obtém-se o Conhecimento Superior.
O estado de sono profundo (Prajna – o Conhecedor) é o som da letra “M”. A letra “M” torna-se Uno sendo capaz de medir tudo e contem tudo dentro de Si Mesmo.
E Turya seu estado é destruído de som, é o nada, é a cessação de fenômenos, é não dual, e pacífico. OM (AUM) é o verdadeiro Atman, une o Ser com o Atman.
Os cinco últimos versos analisam os quatro pés do Eu, relacionando com a sílaba “OM” (AUM), onde A = estado de vigília; U = estado de sonho; e M = estado de sono sem sonho. E o silêncio é o quarto estado da consciência (Turya). Estes quatro estados unidos forma Atman-Brahman pela sílaba “OM” o som nasce, cresce e decresce chegando ao silencio total, que deve ser considerado ao final da sílaba para ocorrer transformações da existência.
Fonte:
TINOCO, Carlos Alberto. As Upanishads. São Paulo: Ibrasa, 1996.
IYENGAR, B.K.S. A Luz da Ioga. 8ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2005.

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