O mantra Om originou-se da
Upanishad, mais especificamente Mandukya Upanishad, que segundo Iyengar (2005),
a palavra Upanishad deriva dos prefixos “upa” – perto e “ni” – embaixo,
acrescidos à raiz “shad” – sentar. Significa sentar-se junto ao guru para
receber a instrução espiritual. Os Upanishads são a parte filosófica dos Vedas,
a mais antiga literatura sagrada dos hindus, tratado da natureza do homem e da
união da alma individual ou eu, com a Alma Universal.
A Mandukya Upanishad, fala
sobre a sílaba “OM” e seus estados de vigília, sonho e sono sem sonho, chegando
ao quarto estado Turya que vai além dos três primeiros. E é o que nos leva de
encontro com o EU Superior conhecendo a essência do Atman (Si Mesmo, a própria
pessoa) transcendente, idêntico ao Absoluto (Brahman) conforme as escolas não
dualistas. (Tinoco, 1996).
A Mandukya Upanishad
consiste em quatro capítulos, o primeiro fala sobre o significado da sílaba
“OM” (AUM), onde se conhece a essência do Atman. No segundo capítulo ocorre a
destruição da dualidade, através do conhecimento do Atman. No terceiro capítulo
é mostrada através da razão a verdade sobre a não-dualidade. E no quarto e
último capítulo que aparecem as contestações de outras escolas que vão contra
os Vedas e ao conhecimento não dualístico. (Tinoco, 1996).
Especificamente o OM
representa uma vibração primordial, que emana do Universo, abre o ser mais
íntimo do homem para as vibrações de uma realidade superior. É a expressão da
receptividade e da entrega, comparável á flor que abre o seu cálice á luz e dá
as boas vindas. É a representação sonora do Absoluto, é a sílaba que compreende
todo o Universo, o passado, o presente e o futuro, indo além do tempo em si
mesmo, o começo e o fim de tudo, a essência de tudo.
É descrito o Eu (Atman)
através dos quatros estados, formando a sílaba “OM” (AUM).
O estado de vigília
(Vaishvanara) é o som “A”. A letra “A” envolve tudo, e tudo o que deseja, e é o
primeiro.
O estado de sonho (Taijasa
– o Resplandecente) é representado pelo som da letra “U”. A letra “U”
compreendendo suas qualidades obtém-se o Conhecimento Superior.
O estado de sono profundo
(Prajna – o Conhecedor) é o som da letra “M”. A letra “M” torna-se Uno sendo
capaz de medir tudo e contem tudo dentro de Si Mesmo.
E Turya seu estado é
destruído de som, é o nada, é a cessação de fenômenos, é não dual, e pacífico.
OM (AUM) é o verdadeiro Atman, une o Ser com o Atman.
Os cinco últimos versos
analisam os quatro pés do Eu, relacionando com a sílaba “OM” (AUM), onde A =
estado de vigília; U = estado de sonho; e M = estado de sono sem sonho. E o silêncio
é o quarto estado da consciência (Turya). Estes quatro estados unidos forma
Atman-Brahman pela sílaba “OM” o som nasce, cresce e decresce chegando ao
silencio total, que deve ser considerado ao final da sílaba para ocorrer
transformações da existência.
Fonte:
TINOCO, Carlos Alberto. As Upanishads. São Paulo: Ibrasa, 1996.
IYENGAR,
B.K.S. A Luz da Ioga. 8ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2005.
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