sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

INVERTIDAS

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O professor Gerson D'Addio mostra uma visão sobre invertidas e pressão arterial do ponto de vista de Kuvalayananda. 
Kuvalayananda fez um estudo em 1926 avaliando as alterações de pressão arterial em Sarvangasana, constatando aumentos médios de 25% em praticantes saudáveis. Estudos posteriores mostram esta tendência e indicam que: em normotensos a pressão aumenta nos 2 primeiros minutos, podendo cair a partir do 3º ou 4º minuto, o que se deve ao barorreflexo (uma resposta reflexa cardiomoderadora que reduz a resistência vascular periférica quando aumentos súbitos de pressão são constatados por sensores dentro da aorta e das artérias carótidas). Em Sarvangasana, há um aumento súbito de pressão, principalmente em regiões superiores do corpo, pelo maior fluxo de sangue para o coração, hiperestimulando os sensores carotídeos. Depois de um tempo na postura os valores de pressão tendem a se estabilizar ou mesmo diminuir um pouco em relação aos picos, mas não em relação aos valores de repouso. Normalmente, pessoas saudáveis que voltam desta postura atingem reduções significativas de pressão, decorrentes do retorno à posição em decúbito associado ao barorreflexo ainda atuando.
A pressão de um praticante provavelmente se encontrará menor depois do Sarvangasana, dando a impressão de ser uma postura indicada para reduzir a pressão. O problema aqui é que se desconsideram alguns fatores:
1º O barorreflexo em hipertensos tende a ser menos eficaz, logo nunca devemos tomar como base avaliações de normotensos para inferir efeitos em hipertensos.
2º As quedas de pressão se dão a partir de alguns minutos na postura, havendo riscos imediatos antes destes efeitos. Se alguém estiver com uma pressão de 16 por 11, correrá o risco de ter um pico de pressão, ou até um Acidente Vascular Encefálico.
3º Há relatos de hipertensos que começaram a ter descompensações em seus valores de pressão após intensificarem as práticas de invertidas. O caso mais notório foi o de Mahatma Gandhi, que era orientado por Kuvalayananda. Neste caso a orientação não seguida por Gandhi era de que ele deveria trabalhar com inclinações de cerca de 30º a no máximo 45º numa prancha. Quando Gandhi seguiu as recomendações, seus valores de pressão se reestabilizaram, o que não significa que ele deixou de ser hipertenso, mas ao menos conseguiu um maior controle sobre este problema.
Em função destes riscos, o próprio manual de Yogaterapia do Instituto de Kaivalyadhama contraindica o Sarvangasana para hipertensos (trata-se do instituto pioneiro e maior produtor de conhecimento científico sobre Yoga). Quanto ao Halasana (postura do arado, os riscos existem, mas são bem menores em função da posição das pernas em níveis mais próximos aos do coração. Assim sendo, para tornar o barorreflexo dos hipertensos um pouco mais eficaz, recomendaria posturas com inclinações moderadas, como o Viparita Karani (postura das pernas na parede) adaptado, com o praticante deitado, o quadril apoiado sobre um cobertor e as pernas na parede. E é fundamental que a pessoa esteja monitarnado a pressão para avaliar alterações.
Gerson D'Addio da Silva é consultor técnico da Yoga Journal, professor de Hatha Yoga há mais de 15 anos e autor de livros como "Curso Básico de Yoga" e "Anatomia e Fisiologia Aplicada ao Hatha Yoga Volume I: Sistema Locomotor".
Fonte: Revista Yoga Journal - edição 50 de outubro/novembro 2011.

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