Para Anderson Allegro “Yoganidrá: é um relaxamento para descontrair cada músculo e cada parte do nosso corpo. De olhos fechados, nos imaginamos envolvidos por uma cor específica ou passeamos mentalmente por belas paisagens. A serenidade desses momentos pode permanecer por vários dias e deixa o estresse bem longe”.
Swami Styananda adaptou o Yoganidrá como uma forma de meditação. O Yoganidrá é uma técnica que foi extraída dos antigos textos tântricos no período entre 600 e 1200 d.C. auxiliando na prática do Yoga com o Pratyahara que significa convergência dos sentidos.
Nidra que significa em sânscrito “sono”, sendo considerado pelos textos clássicos um dos quatro estados de consciência; é quando a consciência encontra-se entre o sono e a vigília. É no Katha-Upanishad que se encontram estas 4 fases:
1. Jagrat-Vaisvanara (estado de vigília)
2. Svapna-Tayasa (estado de sono com sonhos)
3. Susupti-Prajna (estado de sono profundo)
4. Turiya (consciência pura)
Nas Upanishads o sono profundo assemelha-se ao Samadhi, sendo considerado como a hora em que o espírito se separa do corpo e se realiza identificando-se com o Absoluto. Patanjali diz que durante o sono a mente adquire conhecimentos. Assim o Yoganidrá consiste em trazer a consciência no interior do sono.
Em 1908, Edmund Jacobson estudou os crescentes estados de tensão que acompanham o homem no dia-a-dia. Jacobson denominou estas tensões como distúrbios de tensão, como: bronquite e asma (sistema respiratório); gastrite, úlcera e hemorróidas (sistema gastrintestinal); e hipertensão (sistema circulatório). Ele definiu, ainda que tensão seja o esforço que se manifesta no encurtamento das fibras musculares. A tensão nervosa, segundo Jacobson, criou-se o conceito entre mente (cérebro) e o sistema nervoso, concluindo que distúrbio nervoso é ao mesmo tempo distúrbio mental.
Então, deve-se diminuir a excitabilidade neuromuscular, através do relaxamento consciente, entrando em contato com outros estados da consciência, aqueles mais internos. O objetivo do Yoganidrá é experimentar uma profunda transformação da mente, desligando-a dos estímulos externos, direcionando-a para um ponto.
Já os antigos mestres orientais se baseavam nas posturas de forma precisa e confortável, tendo a consciência de que o conforto alcançado ocasionava mudança de tensão do tônus muscular, gerando o relaxamento e afastando as tensões. O Yoganidrá apresenta diversos níveis que constituem a natureza de uma pessoa:
1. Nível físico – pode-se sentir o estado de descanso, rendimento.
2. Nível emocional – ocorrem as sensações de estabilidade e de confiança.
3. Nível mental – cultivando a atenção e a vontade, desenvolve-se o foco claro da mente “uma mente capaz de ver”.
É nesta fase do relaxamento que se atinge a auto-observação, estado de meditação. É nesta hora que se constrói uma ponte segura para o seu interior, através de símbolos, imagens, sons e sugestões, os Samskaras (sentimentos indesejáveis), podem ser modificada, sendo considerado uma poderosa transformação da personalidade.
Para obter uma boa prática devem-se seguir alguns detalhes como: um lugar calmo, evitar claridade excessiva, estar com uma roupa confortável, sem sapatos. Na postura do Savasana – postura do cadáver, afrouxando a musculatura e as articulações do corpo. Deve-se permanecer imóvel, solto e com uma perfeita distribuição do tônus muscular, trazendo a sensação de conforto e bem-estar. Numa total imobilidade, o praticante ficará neutro diante das atividades externas e internas, chegando bem perto do seu centro de consciência e relaxamento corporal, mental e emocional.
Sempre lembrando que tudo no Yoga é um processo, um caminho. Pensamento indiano: “não se abre uma flor com os dedos”. Os benefícios do Yoganidrá é trazer uma melhor qualidade do sono, uma atitude mais positiva diante dos desafios do dia-a-dia.
Fonte: Anderson Allegro, Edmund Jacobson, Patanjali, Pedro Kupfer, Swami Satyananda, Upanishads.
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